10 de janeiro de 2012

Quebra de paradigmas [1] - Eles são surdos!

Deficiente-auditivo, surdo-mudo e surdo: qual a forma correta de se referir a uma pessoa com déficit auditivo e que faz uso da língua de sinais? Pense... Não tenha pressa... Acredito que a maioria tenha ficado em dúvida entre as duas primeiras, e que instantaneamente já descartaram a terceira. Acertei? Pois sinto informar a quem pensou deste modo que, aquelas pessoas de quem me refiro, exigem ser chamadas de SURDOS. Por favor, nunca digam que um surdo é surdo-mudo ou um deficiente-auditivo (D.A). Chamá-lo assim soa para ele, da mesma forma que para um negro, soa ser chamado de negrinho ou de preto.

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Para mudarmos nossa forma de ver o surdo, precisamos destruir e refazer alguns conceitos. E procurar ter uma visão sob um aspecto mais sociocultural do que biológico.  Quando fazemos uso do termo “deficiente” estamos colocando os surdos no grupo dos incapacitados, pela perda da audição – estamos vendo a surdez como algo patológico. No entanto, isto não é verdade. A única barreira imposta pela surdez é a dificuldade de comunicação com as pessoas ouvintes. Excetuando isso, eles são capazes de trabalhar, de saírem às ruas, de aprender o que quiserem, de se relacionarem com outras pessoas. Então podemos dizer que a surdez é uma diferença e não uma deficiência. Além disso, este termo por si só trás uma grande carga de PRECONCEITO. E quanto ao termo surdo-mudo, a palavra “mudo” denota ausência de linguagem, e perda do aparelho fonador. E estas não são as realidades dos surdos. Eles, com a ajuda de um profissional fonoaudiólogo, são capazes de se “oralizar”; pois o seu aparelho fonador encontra-se preservado. Além disso, a língua de sinais é considerada um tipo de linguagem, com toda a complexidade das demais.

Por isso, a partir de hoje usem o termo SURDO – mas lembrem-se de que até mesmo esta palavra traz consigo a diversidade em sua essência, pois não há O SURDO, mas os surdos... Vá ao post Quebra de paradigmas [2] - A Diversidade dentre os diferentes e saiba mais sobre este assunto.

REFERENCIA:
1 - GESSER A. DO PATOLÓGICO AO CULTURAL NA SURDEZ: PARAALÉM DE UM E DE OUTRO OU PARA UMA REFLEXÃO CRÍTICA DOS PARADIGMAS. Trab. Ling. Aplic., Campinas, 47(1): 223-239, Jan./Jun. 2008.


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Vejam neste vídeo, “Vida em Movimento: deficiência auditiva”, a quebra do paradigma de que o surdo é deficiente, e logo incapaz de fazer qualquer atividade; e da idéia de que surdo é mudo.


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2 comentários:

  1. Muito boa a piada! Vou guardar e contar pra alguém algum dia! ahuaha

    Mas nem achei o tal erro na fala de alguma pessoa no vídeo =/

    O blog está ficando muito bom, parabéns!

    Abraço

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    Respostas
    1. Zé Maurício,

      Primeiro obrigado pelos parabéns!
      O "erro" foi quando a aluna do curso se refere a um aluno dela como "deficiente auditivo". Na verdade não pode ser considerado um erro, mas uma inadequação.. Porque depende do ponto de vista que está sendo tratado.

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